
A elaboração de um projeto de negócios é uma etapa crucial para o acesso a recursos e para o sucesso de um empreendimento. No mundo dos negócios, onde a carência por profissionais qualificados é grande, a qualidade do projeto é o que assegura que as boas e inovadoras ideias dos empreendedores se tornem realidade.
Um projeto de negócios é, na sua essência, um estudo cujo objetivo é subsidiar a decisão de investir. No entanto, mesmo com roteiros e ferramentas disponíveis (como o SEAP, Sistema de Elaboração e Análise de Projetos), muitos erros triviais persistem, dificultando ou inviabilizando a captação de recursos.
Evitar estas “falhas bobas” pode significar a diferença entre um financiamento aprovado e um projeto devolvido pelo Agente Financeiro.
A seguir, apresentamos 7 erros cruciais que você PRECISA evitar ao elaborar projetos:
1. Falta de um Projeto Sólido e Fundamentado
A falta de um projeto sólido é frequentemente citada como o fator número 1 que dificulta a concessão de crédito. Agentes financeiros, como a DESENVOLVE-SP, analisam o passado da empresa (com base em dados) e o futuro (com base no projeto), e a combinação desses números deve demonstrar que o empréstimo é viável.
Historicamente, projetos mal elaborados já dificultavam a liberação de financiamentos pelo BNDES (em 2007, por exemplo). Lembre-se, o problema no Brasil não é a falta de dinheiro, mas sim a carência de bons e ousados projetos. Um projeto sólido serve para alinhar a visão estratégica, mensurar e otimizar os recursos, e amparar decisões com base em cenários.
2. Apresentar Informações que Não Aderem à Realidade
O motivo principal de devolução de projetos pelo Agente Financeiro, que resume todos os demais motivos, é a falta de aderência das informações do projeto à realidade.
Para que um projeto seja bem-sucedido, os preços, os custos, a capacidade produtiva, a experiência dos sócios, a qualificação da equipe, e o estudo de mercado, devem refletir a realidade do negócio. Essas informações não são obtidas em livros acadêmicos, mas sim com o próprio empresário e o corpo gerencial, técnico e administrativo da empresa. O consultor deve sempre buscar refletir informações o mais próximas possível da realidade.
3. Cometer Erros Críticos de Cálculo em Projeções Financeiras
Mesmo em projeções financeiras de grandes empresas, podem ocorrer erros de cálculo. Esse é um risco especialmente presente quando se utilizam planilhas limitadas que não foram desenvolvidas para abrangência setorial.
A realização correta das projeções é vital. Se o projeto não for elaborado com rigor técnico, ele pode comprometer a sustentabilidade dos negócios e, por consequência, a geração de emprego e a criação de riqueza a longo prazo. Ferramentas robustas, como o SEAP, realizam cálculos complexos e aplicam técnicas refinadas de elaboração de projetos econômico-financeiros, e seus resultados, se conferidos com gabaritos parciais, oferecem confiabilidade e são considerados certificados.
4. Deixar a Parte Descritiva Incoerente com os Dados Quantitativos
A incoerência entre os comentários descritivos e os dados quantitativos (tabelas e gráficos gerados pelo sistema) é um erro comum.
Se a parte descritiva (a monografia) for preparada antes de se chegarem aos números finais, existe o risco de que, ao alterar algum valor no SEAP, o texto não seja atualizado, perdendo a coerência. Além disso, contradições claras, como prometer a contratação de profissionais especializados na introdução, mas não mostrar nenhuma nova contratação no quadro de pessoal, podem levar a um parecer negativo do analista. É fundamental manter a harmonia entre os valores do sistema e os comentários escritos.
5. Apresentar um Projeto Sem Capacidade de Pagamento Comprovada
O critério que “amarra” todos os outros é a capacidade de pagamento. Este é um dos fatores de viabilidade econômico-financeira mais importantes para os bancos. O projeto precisa demonstrar que o novo faturamento será suficiente para cobrir os custos operacionais e as prestações do financiamento.
Um projeto que apresente uma utilização da capacidade de pagamento superior a 100% em qualquer ano fora da carência será devolvido imediatamente. A falta de capacidade de pagamento indica a ausência de sustentabilidade econômico-financeira, fadando o empreendimento ao fracasso.
6. Utilizar um português Incorreto ou Redundante
A qualidade do português utilizado no projeto é um indicador de profissionalismo. Solecismos e redundâncias causam má impressão sobre o produtor da informação.
O consultor deve usar um bom português nos textos do projeto, evitando termos técnicos excessivos (a clareza é preferível) e vícios de linguagem (redundâncias). Por exemplo, expressões como “prefeitura municipal” ou “pequenos detalhes” são desnecessárias. O uso de um corretor ortográfico e uma revisão cuidadosa são ferramentas simples para resolver isso.
7. Confundir Capital de Giro com Despesas de Implantação
Outro erro conceitual comum é confundir Capital de Giro com despesas de implantação.
O capital de giro é um capital de trabalho permanente e sua necessidade é calculada com base no ciclo operacional da empresa (políticas de compras e vendas). Gastos iniciais, como aluguel, energia elétrica ou salários do pessoal administrativo nos primeiros meses de funcionamento, são despesas de implantação e não devem ser confundidos com capital de giro. Uma boa gestão do capital de giro significa, de forma simples, receber mais cedo dos clientes e pagar mais tarde aos fornecedores e governos.
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Conclusão: Priorize a Qualidade e o Processo
Para conduzir um processo de captação de recursos com êxito, o profissional deve estar atento a todos os aspectos operacionais, táticos e estratégicos da atividade.
Antes mesmo de elaborar a proposta de prestação de serviços, utilize um roteiro de anamnese empresarial (como os 10 passos para acessar o crédito) para verificar a possibilidade de êxito do projeto. Somente clientes com potencial de acesso ao crédito devem ser encaminhados para as fases seguintes, evitando esforços desnecessários.
Ao focar na qualidade, coerência e aderência à realidade em todas as etapas da elaboração, o profissional garante que o projeto de negócios cumpra seu papel de instrumento de apoio à decisão de investir, resultando em sustentabilidade econômico-financeira e sucesso para o empreendedor.
Garantir essa “qualidade e coerência” exige mais do que apenas evitar erros; requer o domínio de um processo de ponta a ponta. É a aplicação da anamnese correta (os 10 passos) e o rigor técnico na modelagem (como no SEAP) que asseguram a aderência à realidade e a prova da capacidade de pagamento.
Essa é a metodologia prática ensinada na Formação de Consultores de Captação de Recursos da GigaMedia. O curso é estruturado para eliminar os “erros bobos” ao focar na construção de projetos irrefutáveis, que transformam a análise do banco em uma etapa de aprovação e geram sucesso para o empreendedor.
https://www.gigamedia.com.br/cursos/captacao-de-recursos/
