
Dominar o processo de captação de recursos vai muito além da elaboração de um projeto de negócios detalhado. O trabalho de um consultor de sucesso começa, na verdade, com a capacidade de filtrar e selecionar as iniciativas empresariais mais promissoras. Para otimizar esse esforço, a Anamnese Empresarial — materializada nos 12 Passos para Acessar o Crédito — funciona como um roteiro fundamental para checar a aptidão do cliente.
Com este roteiro, é perfeitamente possível avaliar as condições mínimas de um potencial tomador de crédito e prever suas chances de aprovação. Esta checagem crítica pode ser realizada em uma breve conversa, que não dura mais do que 30 minutos. A seguir, detalhamos os 12 passos que contêm os critérios mais importantes utilizados pelos Agentes Financeiros:
1. Idoneidade: A Ficha Limpa é o Ponto de Partida
A idoneidade é o ponto inicial da análise. Significa que a empresa, seus sócios e respectivos cônjuges não devem ter pendências ou restrições em instituições de crédito. A falta de idoneidade é um impedimento imediato para qualquer análise de crédito. O consultor deve antecipar essa verificação que o banco fará logo no início do processo.
2. Regularidade Fiscal: Sem Pendências com o Fisco
Este é um passo crítico. Nenhuma instituição bancária aprovará crédito para uma empresa com pendências fiscais. O cliente deve estar em dia com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal, além do INSS e FGTS. A existência de pendências, sem um plano de ação para resolvê-las, paralisa o financiamento.
3. Formalidade: Comprovação da Receita
A formalidade do negócio é crucial para a percepção do banco. Uma pergunta sobre o percentual do faturamento comprovado por nota fiscal fornece uma excelente noção de como a empresa será vista na análise de crédito. Um percentual baixo pode ser um sinal de alerta para a instituição financeira.
4. Recursos Próprios: A Contrapartida Necessária
Os bancos de desenvolvimento não financiam 100% de todos os projetos. Eles exigem uma contrapartida de recursos próprios do cliente. Este percentual pode variar de 0% a 35%, dependendo do porte da empresa. Quanto maior o porte da empresa, maior tende a ser a contrapartida exigida.
5. Garantias: O Conforto do Agente Financeiro
As garantias constituem a primeira preocupação do banco em relação à possibilidade de conceder o crédito. Em geral, a relação entre garantias e o valor a ser financiado deve ser de, no mínimo, 130%. As garantias oferecidas podem incluir bens de terceiros.
6. Experiência na Atividade: Domínio do Setor
A experiência demonstra o domínio do empresário sobre o setor em que atua. Os bancos preferem financiar clientes que comprovam saber gerir o negócio.
7. Situação Econômico-Financeira: Saúde do Negócio
A saúde da empresa deve ser observada. O projeto deve ser capaz de expandir a receita e, consequentemente, a capacidade do cliente de cumprir seus compromissos e cobrir seus custos.
8. Mão-de-Obra: Geração de Valor Social
É importante detalhar a qualificação da equipe atual e, principalmente, projetar a geração de novos empregos com os investimentos. Demonstrar que o projeto fortalecerá a economia local com novos postos de trabalho é um fator que agrega valor significativo à proposta de financiamento.
9. Mercado: Como a Produção Será Colocada
Se as garantias são a primeira preocupação, o Mercado é a segunda. Antes de apoiar um negócio, o banco precisa ter clareza sobre como o cliente pretende colocar sua produção no mercado, exigindo, portanto, conhecimento sobre os canais de comercialização.
10. Tecnologia: Eficiência e Valor Agregado
A tecnologia pode ter um impacto relevante, especialmente na obtenção de eficiência, produtividade e valor agregado. Isso se aplica mesmo em negócios tradicionais.
11. Meio Ambiente: Licenciamento e Responsabilidade Social
Na maioria dos casos, as atividades resolvem essa questão com o licenciamento ambiental. No entanto, em indústrias potencialmente poluidoras, a questão ambiental precisa ser lembrada e abordada diretamente na conversa inicial.
12. Capacidade de Pagamento: O Fator Decisivo
A capacidade de pagamento é o critério que amarra todos os outros. É o fator de viabilidade econômico-financeira mais relevante para os bancos. A capacidade de pagamento é um conceito simples: representa a margem financeira das atividades da empresa, sendo, em termos simplificados, receitas menos despesas. O projeto deve demonstrar, por meio de projeções, que o novo faturamento será suficiente para cobrir os custos operacionais e as prestações do financiamento. Quem paga o financiamento é o resultado do negócio, e não o patrimônio do cliente.
A Aplicação Contínua dos 12 Passos
Na prática, é possível utilizar o SEAP (Sistema de Elaboração e Análise de Projetos) para fazer uma estimativa rápida da capacidade de pagamento em menos de 5 minutos. Essa simulação científica, baseada nos critérios que o banco utilizará para aprovar o financiamento, pode ser feita logo naquela conversa inicial de 30 minutos, confirmando a viabilidade do projeto. A rapidez e a precisão na triagem do cliente são essenciais para garantir um processo de captação bem-sucedido.
A rapidez e a precisão nesta triagem de 30 minutos, utilizando os 12 passos como um “fio condutor”, são as competências que diferenciam o consultor mediano do profissional de alta performance. Dominar essa anamnese é o segredo para otimizar o tempo e focar apenas em projetos com real potencial de aprovação.
Para capacitar o profissional a executar este diagnóstico complexo (incluindo a simulação no SEAP) com total segurança, a Formação de Consultores de Captação de Recursos da GigaMedia foi desenvolvida. Ela detalha a metodologia exata para aplicar cada um dos 12 passos, transformando a prospecção de clientes em um processo científico.
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